Hoje, em que se assinala o Dia Mundial do Coração, é sempre bom relembrar que as emoções afetam vários órgãos do corpo, inclusive o coração!
Apesar da associação entre as emoções e as doenças ser debatida desde Hipócrates, ainda na Grécia antiga, apenas nas últimas décadas tem sido devidamente explicada, em grande parte graças à evolução da biologia celular e molecular, genética, neurociências e em estudos de imagem cerebral.
Isto tem permitido trazer à luz as diversas conexões existentes entre os sistemas neuroendócrino, neurológico e o sistema imunológico e, como tal, entre as emoções e as doenças.
Em 1981, o termo “Psiconeuroimunologia” foi introduzido por Robert Ader, exatamente para definir o campo da ciência que estuda a interação entre o sistema nervoso central (SNC) e o sistema imunológico. E, atualmente, diferentes estudos têm também demonstrado que uma variedade de fatores de stress físicos e psicossociais pode alterar a nossa resposta imune.
Razões de sobra para empenharmos esforços a monitorizar o nosso equilíbrio emocional! Saber peneirar as emoções ou, dito de outra forma, desenvolver a nossa inteligência emocional, pode ser determinante para a saúde e fazer uma grande diferença na nossa qualidade integral de vida.
A experiência da Diretora Clínica da Sintricare
Ainda nos seus “anos de aprendizagem, na universidade, e posteriormente na formação como psicoterapeuta”, Cristina Santos, Psicóloga e Diretora Clínica da Sintricare, recorda que sempre ouviu que “implodir as emoções “más” era um veneno para o corpo, porque o nosso encéfalo está integrado num corpo que interage numa dança perfeita, para o bem e para o mal!”.
Também sempre ouviu dizer que “a maior fragilidade dos terapeutas é o coração” e, talvez por isso, gosta da imagem que tem quando está em consulta. Aliás, “se soubesse desenhar, colocaria essa imagem de uma forma mais visual: Vejo o meu coração como uma peneira onde passa a história, as preocupações, os problemas, as impossibilidades de quem escuto… com a alma! Depois o que sai, o que tenho obrigação de devolver, será algo já mais limpo, sem tantos grumos, mais solto, mais fino e transparente.”
Como tal, “esta peneira tem que estar o mais limpa possível das minhas impurezas, por isso, é fundamental cuidar desta casa no seu todo para melhor peneirar a história dos outros”, salienta.
Cuide das suas emoções que está a cuidar do seu coração!!
Hoje, no blogue da Sintricare, publicamos na íntegra o artigo de opinião publicado no site do Público, “A psicoterapia e as outras terapias”, da autoria da psicóloga clínica e autora do blogue Agir e Sentir, Isabel Filipe, que enfatiza a importância da psicoterapia para o nosso bem-estar e crescimento pessoal. Como a própria afirma “estarmos bem é um trabalho a tempo inteiro, que exige uma multiplicidade de instrumentos”. Tirem uns minutos e aproveitem para ler!
“A psicoterapia é valiosa e construtiva, não se tratando de uma simples conversa ou mezinha. O nosso crescimento pessoal não é proporcional às conversas de café ou de cabeleireiro.
A psicoterapia é uma forma extraordinária de termos um espaço nosso, privado, tranquilo, seguro. É o sítio certo para ventilar o stress quotidiano, libertando-nos para tempo de qualidade com amigos e família ou para usufruirmos bem da nossa própria companhia. Acima de tudo, é uma fenomenal forma de aprendermos mais sobre nós próprios, compreendendo o nosso percurso e tendo orientação para desenvolver competências pessoais que nos levem ao melhor de nós.
O que há para não gostar? O preço. A intensidade emocional. A lentidão do processo. Tudo isto seria pertinente, se a nossa saúde mental não fosse a espinha dorsal do nosso bem-estar. Mas é-o. O melhor esforço que podemos fazer por nós e pelas pessoas a quem queremos bem é cuidar de nós próprios. A terapia permite-nos isso, pese o facto de não ser uma solução mágica. Embora possa ser pautada por momentos densos e complexos, o evoluir desta parceria com um psicólogo é algo de muito compensador. Se a pessoa a quem vamos confiar a nossa intimidade nos recordar de um colega de trabalho que não apreciamos, é evidente que não iremos longe. Importa existir empatia, uma química saudável, construtiva e enriquecedora. A confiança terapêutica no nosso terapeuta permite, em conjunto, trilhar um percurso bem-sucedido.
Diz-me a literatura e a experiência clínica, que os millennials priorizam, sem pudores, a saúde mental, física e espiritual, de uma forma mais veemente do que qualquer outra. Bem-estar constante e prazer imediato são impulsionadores da procura de suporte, em duas frentes importantes.
Por um lado, há quem recorra a alternativas mais “rápidas” e “de solução imediata”, como terapias alternativas, apoio espiritual ou mesmo procura de respostas em livros ou vídeos motivacionais, cada vez com mais destaque nas montras de consumo. Embora estes recursos possam estimular ferramentas interessantes, investirmos apenas e consecutivamente nestas orientações externalizadas, sem tempo para reflectir ou responsabilizar-se, encontrando respostas que façam sentido, pode não ser salutar. Nestes casos, a psicoterapia pode representar uma enorme mais-valia, permitindo personalizar esta aquisição de material cognitivo.
Por outro lado, há quem, com facilidade e muito cedo na sua fase adulta, inicie consultas de Psicologia, procurando conhecer-se melhor, optimizar competências pessoais e compreender o seu comportamento. Acredito que a segunda opção é mais duradoura e eficiente, embora mais morosa e dispendiosa. Contudo, a nossa saúde mental é uma prioridade, um dos pilares mais significativos da nossa edificação pessoal, compensa todo o investimento.
Não desconsidero as terapias e opções alternativas, podem ser um suporte útil e uma fonte de riqueza espiritual. Da complementaridade entre estas a Psicologia pode surgir uma sinergia interessante, cada uma com as suas especificidades bem definidas, sendo fulcral estarem presentes critérios como profissionalismo, boa formação e devida competência, de todos os profissionais envolvidos.
Ser adulto é um desafio, pelo que obter um conjunto de factores protectores, mediante as crenças e valores pessoais, apenas pode apresentar um cunho positivo. A psicoterapia é valiosa e construtiva, não se tratando de uma simples conversa ou mezinha. O nosso crescimento pessoal não é proporcional às conversas de café ou de cabeleireiro. Estarmos bem é um trabalho a tempo inteiro, que exige uma multiplicidade de instrumentos. O mais importante é usá-los com inteligência e empenho.
Isabel Filipe, Psicóloga clínica e autora do blogue Agir e Sentir
O workshop aberto “Transições – Como lidar com Mudanças”, com o objetivo de divulgar a Psicoterapia Corporal em Biossíntese, orientado por Ana Caeiro, a 1 de Novembro, na Sintricare, foi um sucesso. A este propósito, falámos com a psicoterapeuta da Sintricare, para perceber melhor como as mudanças nos podem afetar.
O que a motivou a desenvolver o workshop aberto “Transições – Como lidar com mudanças”?
Considera que, hoje em dia, há uma dificuldade real em gerir e lidar com o que é novo? Na sua opinião, por que razões?
Sim, para a maioria das pessoas é difícil. O que é novo pode não ser conhecido. Vejamos o seguinte exemplo: eu posso mudar de emprego, ganhar exatamente o mesmo e ter as mesmas funções e responsabilidade. Mas vou ter um chefe novo, colegas diferentes… Onde para alguns esta é uma oportunidade, para outros é gerador de ansiedade! E também não podemos esquecer que as pessoas com um perfil mais rígido e controlador sentem mais esse desafio do desconhecido. O enfoque necessário é perceber que somos todos diferentes, cada um com a sua particularidade, e enquanto para alguns os novos desafios são ótimos, para outros são fonte de ansiedade e stress. E mesmo dentro dos que sentem mais estas dificuldades, cada um sentirá de maneira diferente e cada um terá as suas estratégias ou poderá encontrar ferramentas diferentes para lidar com isso.
Que repercussões tem, para o dia-a-dia, a forma como gerimos as transformações que ocorrem na vida?
Muitas! Porque lidar com aquilo que sai da rotina e que nos transmite segurança pode ser muito drenante a nível físico ou energético. E mesmo os próprios mecanismos e estratégias que desenvolvemos podem ter consequências. Quando, por exemplo, tendemos a “engolir” as nossas emoções para irmos para o mundo, esta contenção pode ter consequências psicológicas e físicas (somatização). Por outro lado, quando aprendemos a gerir as transformações que ocorrem na vida de uma forma mais tranquila, aceitando o que surge, os efeitos serão muito mais positivos e apaziguadores.
Qual é a perspetiva / abordagem da psicoterapia corporal em Biossíntese para lidar melhor com as mudanças?
Existem inúmeras ferramentas que podemos enumerar, principalmente relacionadas com o processo de desenvolvimento pessoal, associada a esta psicoterapia. Este é um processo de alterações a nível da nossa estrutura que demoram tempo e que têm o seu próprio processo. Ainda assim, a possibilidade de nos observarmos nesses momentos, ganhando um maior autoconhecimento, pode ser um ponto de partida. A par desta possibilidade, podemos fazer algo que parece ser simples: respirar. Quando estamos mais afetados ou ansiosos, temos uma respiração tendencialmente mais superficial. Se estivermos muito tristes e não quisermos chorar, por exemplo, sabemos que se respirarmos fundo, podemos quebrar e o choro vai surgir. Então o convite é que, nestes momentos de mudanças, possamos parar, estar connosco, e respirar um pouco, mas profundamente. Este movimento vai criar espaço e tempo, e estes dois elementos são essenciais quando somos mais impulsivos e agimos sem pensar, ou até mesmo mais emotivos, ficando na emoção sem tomar uma decisão ou ação.
Considera que o workshop aberto, realizado na Sintricare, para divulgar a Psicoterapia Corporal em Biossíntese, atingiu os objetivos previstos? Porquê?
Apesar de ser um workshop de curta duração, o objetivo era o de deixar algumas sementes, permitindo que as participantes pudessem levar algo com elas. Considero que foi possível, principalmente através das partilhas que muito enriqueceram a dinâmica de grupo e energia que se estabeleceu.
Nos dias de tempestade as árvores também vacilam… Ficam de pé aquelas que têm raízes sólidas.
Se a “tempestade” assola a sua vida… Ou de alguém que conhece… Se precisa de fortalecer as raízes…
Temos uma equipa de psicólogos e psicoterapeutas prontos a intervir!
Não deixe para amanhã! Peça ajuda!
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