Hoje, no blogue da Sintricare, publicamos na íntegra o artigo de opinião publicado no site do Público, “A psicoterapia e as outras terapias”, da autoria da psicóloga clínica e autora do blogue Agir e Sentir, Isabel Filipe, que enfatiza a importância da psicoterapia para o nosso bem-estar e crescimento pessoal. Como a própria afirma “estarmos bem é um trabalho a tempo inteiro, que exige uma multiplicidade de instrumentos”. Tirem uns minutos e aproveitem para ler!
“A psicoterapia é valiosa e construtiva, não se tratando de uma simples conversa ou mezinha. O nosso crescimento pessoal não é proporcional às conversas de café ou de cabeleireiro.
A psicoterapia é uma forma extraordinária de termos um espaço nosso, privado, tranquilo, seguro. É o sítio certo para ventilar o stress quotidiano, libertando-nos para tempo de qualidade com amigos e família ou para usufruirmos bem da nossa própria companhia. Acima de tudo, é uma fenomenal forma de aprendermos mais sobre nós próprios, compreendendo o nosso percurso e tendo orientação para desenvolver competências pessoais que nos levem ao melhor de nós.
O que há para não gostar? O preço. A intensidade emocional. A lentidão do processo. Tudo isto seria pertinente, se a nossa saúde mental não fosse a espinha dorsal do nosso bem-estar. Mas é-o. O melhor esforço que podemos fazer por nós e pelas pessoas a quem queremos bem é cuidar de nós próprios. A terapia permite-nos isso, pese o facto de não ser uma solução mágica. Embora possa ser pautada por momentos densos e complexos, o evoluir desta parceria com um psicólogo é algo de muito compensador. Se a pessoa a quem vamos confiar a nossa intimidade nos recordar de um colega de trabalho que não apreciamos, é evidente que não iremos longe. Importa existir empatia, uma química saudável, construtiva e enriquecedora. A confiança terapêutica no nosso terapeuta permite, em conjunto, trilhar um percurso bem-sucedido.
Diz-me a literatura e a experiência clínica, que os millennials priorizam, sem pudores, a saúde mental, física e espiritual, de uma forma mais veemente do que qualquer outra. Bem-estar constante e prazer imediato são impulsionadores da procura de suporte, em duas frentes importantes.
Por um lado, há quem recorra a alternativas mais “rápidas” e “de solução imediata”, como terapias alternativas, apoio espiritual ou mesmo procura de respostas em livros ou vídeos motivacionais, cada vez com mais destaque nas montras de consumo. Embora estes recursos possam estimular ferramentas interessantes, investirmos apenas e consecutivamente nestas orientações externalizadas, sem tempo para reflectir ou responsabilizar-se, encontrando respostas que façam sentido, pode não ser salutar. Nestes casos, a psicoterapia pode representar uma enorme mais-valia, permitindo personalizar esta aquisição de material cognitivo.
Por outro lado, há quem, com facilidade e muito cedo na sua fase adulta, inicie consultas de Psicologia, procurando conhecer-se melhor, optimizar competências pessoais e compreender o seu comportamento. Acredito que a segunda opção é mais duradoura e eficiente, embora mais morosa e dispendiosa. Contudo, a nossa saúde mental é uma prioridade, um dos pilares mais significativos da nossa edificação pessoal, compensa todo o investimento.
Não desconsidero as terapias e opções alternativas, podem ser um suporte útil e uma fonte de riqueza espiritual. Da complementaridade entre estas a Psicologia pode surgir uma sinergia interessante, cada uma com as suas especificidades bem definidas, sendo fulcral estarem presentes critérios como profissionalismo, boa formação e devida competência, de todos os profissionais envolvidos.
Ser adulto é um desafio, pelo que obter um conjunto de factores protectores, mediante as crenças e valores pessoais, apenas pode apresentar um cunho positivo. A psicoterapia é valiosa e construtiva, não se tratando de uma simples conversa ou mezinha. O nosso crescimento pessoal não é proporcional às conversas de café ou de cabeleireiro. Estarmos bem é um trabalho a tempo inteiro, que exige uma multiplicidade de instrumentos. O mais importante é usá-los com inteligência e empenho.
Isabel Filipe, Psicóloga clínica e autora do blogue Agir e Sentir
Para uma infância saudável e equilibrada há uma série de atividades que são essenciais, desde as tarefas mais rotineiras do dia-a-dia até à prática desportiva.
Hoje, ao contrário do que acontecia há umas décadas, as crianças e jovens não passam horas intermináveis a brincar na rua, muitas vezes, nem a pé vão para a escola e, regra geral, começam mais tarde a ajudar nas tarefas domésticas. Como tal, é fundamental encontrar alternativas para que se mexam e gastem energia!
A prática desportiva surge como uma forma de proporcionar um nível de atividade física que, antes, era naturalmente mais compatível com aquele que, todos, deveríamos ter para uma vida mais equilibrada.
Os benefícios do desporto para o desenvolvimento da criança são inúmeros, já que implica um conjunto de movimentos estruturados e repetidos, cujo objetivo é a melhoria da aptidão física.
Logo, a prática desportiva está, sem dúvida, associada a um aumento do bem-estar físico, mas também, psíquico, social e neuro-cognitivo, uma vez que é necessária a aprendizagem do respeito pelas regras e pela partilha de responsabilidade, sem esquecer que a disciplina individual e coletiva, inerentes ao desporto, também promovem a autoconfiança.
De salientar que, na infância, a atividade desportiva deve ser sobretudo lúdica e estar associada ao prazer, características que irão facilitar a adesão da criança.
Aos pais cabe-lhes a responsabilidade de tentar encontrar uma modalidade que vá ao encontro da idade, especificidade e gosto particular de cada filho, de modo a tornar a prática desportiva uma fonte de motivação, prazer e saúde!