Categoria: Artigos de Opinião

16/09/2021
Desafios em início de aulas

Esta semana o foco de todas as famílias é, sem dúvida alguma, o início do ano letivo. A redefinição dos horários familiares, conciliando o trabalho dos adultos e o retomar das atividades letivas e extracurriculares de crianças e jovens, é sempre desafiante para o agregado familiar, por mais bem estruturado que este seja.

É que, enquanto antes, muitos de nós começávamos a idealizar o regresso às aulas nos últimos dias de verão, sempre com algum nervoso, claro, mas com um entusiasmo muito próprio à mistura – bastante pautado pelo cheiro dos livros e cadernos novos -, hoje, os desafios são de uma escala bem diferente.

Também é certo que, à medida que os manuais escolares e cadernos perdiam o cheiro a novo, o nosso interesse pelas aulas e estudo também tendia a decrescer. Logo, o entusiasmo inicial era, a maioria das vezes, substituído pela necessidade de cumprir as regras e as rotinas inerentes ao percurso escolar, que passava a ser pautado pelo espírito de missão: Algo que não nos agradava de todo, mas que era conveniente que fosse bem feito.

Desafios de hoje

Ninguém tem dúvidas que as preocupações dos alunos de algumas décadas são bem diferentes das de hoje. Por exemplo:

  • o medo de contrair papeira ou varicela foi substituído pelo temor de ficar infetado com Covid-19 ou, até, de ser transmissor do mesmo para a restante família;
  • o receio de ser apanhado a namorar atrás dos pavilhões nem pode ser equiparado ao pavor da eventualidade de ter fotografias indiscretas partilhadas, com todos os conhecidos, através do WhatsApp, Instagram ou, até mesmo, publicadas em qualquer outra rede social;
  • o risco de perder o transporte público não pode, sequer, ser comparado ao receio que as novas gerações enfrentam face às alterações climáticas.

Estratégias dos pais

No entanto, há algo que deve ser comum, tanto no passado como agora: É crucial que os pais, no regresso às aulas, se esforcem por perceber as ansiedades, os receios e os desafios dos filhos. E que, a cada dia, os oiçam e os ajudem a descobrir qual o manancial de possíveis soluções para cada eventual problema que possa surgir. Sobretudo hoje, quando o mundo se apresenta como um emaranhado de múltiplos desafios, a questão da proximidade, segurança e confiança é essencial no crescimento e desenvolvimento das crianças e jovens.

Neste reinício de ano letivo, depois de um ano e meio com muitas fases em que os processos de socialização foram interrompidos, devido à pandemia, é conveniente que a família ajude os mais novos a ultrapassarem os seus medos. Acompanhar de perto os processos educativos, fornecer suporte e apoio suficiente no percurso escolar, criar rotinas e hábitos saudáveis, incentivando sempre o desenvolvimento autónomo, são excelentes estratégias que podem ser adotadas pelos pais para prepararem os filhos tanto para a escola como para a vida.

Sintricare


30/04/2021
Será que todas as mães conseguem ser mães?

Este domingo assinala-se, uma vez mais, o Dia da Mãe! Uma data que se reveste de um cariz muito especial para a maioria das famílias. A propósito deste momento, Cristina Santos, Psicóloga e Diretora Clínica da Sintricare, propõe uma interessante reflexão em torno de uma pergunta pertinente: Será que todas as mães conseguem ser mães? Ora, leiam!

“Todos nós nascemos de uma mãe, é uma evidência! Mas nem todas as mães conseguem ser MÃES!

As MÃES que protegem, que cuidam, mas que deixam crescer, que respeitam a
individualidade. Que têm defeitos como todos os seres humanos, mas que o seu afeto em
tantos gestos faz esquecer as suas imperfeições. As que não se amedronta pelas ideias dos
seus filhos e que não há mal em serem diferentes, as que preparam para a vida e não escudam
a cada frustração. As que se tornam mais mães a cada conquista da sua cria.

Pois… nem todos tiveram!

As mães são seres humanos e têm a sua história e quando o peso das suas mágoas, traumas,
dificuldades, frustrações, medos, são o motor consciente ou inconsciente da forma como
agem com os seus filhos e vão interagindo a partir desses lugares obscuros de si … só são o que
conseguem ser!

As mães não são todas MÃES!

Existem seres humanos excecionais, assim também, existem mães excecionais, com isto não
quer dizer que todas são excecionais!

A figura das mães passou a ser idolatrada e é tantas vezes distante das verdadeiras mães…”.

Cristina Santos, Psicóloga e Diretora Clínica da Sintricare

29/09/2020
Cuidar das Emoções, Cuidar do Coração!

Hoje, em que se assinala o Dia Mundial do Coração, é sempre bom relembrar que as emoções afetam vários órgãos do corpo, inclusive o coração!

Apesar da associação entre as emoções e as doenças ser debatida desde Hipócrates, ainda na Grécia antiga, apenas nas últimas décadas tem sido devidamente explicada, em grande parte graças à evolução da biologia celular e molecular, genética, neurociências e em estudos de imagem cerebral.

Isto tem permitido trazer à luz as diversas conexões existentes entre os sistemas neuroendócrino, neurológico e o sistema imunológico e, como tal, entre as emoções e as doenças.

Em 1981, o termo “Psiconeuroimunologia” foi introduzido por Robert Ader, exatamente para definir o campo da ciência que estuda a interação entre o sistema nervoso central (SNC) e o sistema imunológico. E, atualmente, diferentes estudos têm também demonstrado que uma variedade de fatores de stress físicos e psicossociais pode alterar a nossa resposta imune.

Razões de sobra para empenharmos esforços a monitorizar o nosso equilíbrio emocional! Saber peneirar as emoções ou, dito de outra forma, desenvolver a nossa inteligência emocional, pode ser determinante para a saúde e fazer uma grande diferença na nossa qualidade integral de vida.

A experiência da Diretora Clínica da Sintricare

Ainda nos seus “anos de aprendizagem, na universidade, e posteriormente na formação como psicoterapeuta”, Cristina Santos, Psicóloga e Diretora Clínica da Sintricare, recorda que sempre ouviu que “implodir as emoções “más” era um veneno para o corpo, porque o nosso encéfalo está integrado num corpo que interage numa dança perfeita, para o bem e para o mal!”.

Também sempre ouviu dizer que “a maior fragilidade dos terapeutas é o coração” e, talvez por isso, gosta da imagem que tem quando está em consulta. Aliás, “se soubesse desenhar, colocaria essa imagem de uma forma mais visual: Vejo o meu coração como uma peneira onde passa a história, as preocupações, os problemas, as impossibilidades de quem escuto… com a alma! Depois o que sai, o que tenho obrigação de devolver, será algo já mais limpo, sem tantos grumos, mais solto, mais fino e transparente.”

Como tal, “esta peneira tem que estar o mais limpa possível das minhas impurezas, por isso, é fundamental cuidar desta casa no seu todo para melhor peneirar a história dos outros”, salienta.

Cuide das suas emoções que está a cuidar do seu coração!!

17/09/2020
Artigo Entre o Isolamento e o Medo

Estamos a viver um momento muito particular no qual muito se tem falado sobre medo e a necessidade de nos isolarmos socialmente. Tanto um como outro são carregados de significados e de desafios. Somos seres sociais e o isolamento pode ser um desafio enorme na saúde psicoemocional e física. Fechados entre quatro paredes, podemos facilmente perder o ânimo e a energia. Desta forma é importante olhar para este tema de uma forma terapêutica e fomentar que é possível fazer algo que limite esta sensação.

O medo e a ansiedade são filhos destes cenários e para quem já tem um historial de ansiedade na sua vida, não é fácil. Também a psicoterapia pode ajudar não só quem já tinha uma predisposição para a ansiedade como também quem está a sentir maiores dificuldades neste momento. Têm sido escritas muitas notícias, conselhos, mezinhas, ideias… E quando a informação é demais, também traz ansiedade. Por isso compilei algumas ideias simples para levarem convosco para estes dias e para estes dois temas.

Ansiedade:
– Regulem o acesso à informação. É importante mantermo-nos informados, mas escolham meios de comunicação fidedignos, com “fact-check” e privilegiem sempre a consulta dos sites da DGS e da OMS. Demasiada informação e factos contraditórios fazem espalhar o medo, por isso, para além de regularem a vossa informação, pensem também no efeito que tem nos outros e antes de partilharem algo nas redes sociais confirmem a sua veracidade. Se têm dúvidas, não partilhem.

– Num cenário de desafio considerem a consulta de um psicoterapeuta. O psicoterapeuta é um profissional que pode ajudar a criar estratégias para gerir a ansiedade. Caso não se queiram deslocar é possível efetuar consultas online.

– A meditação e uma respiração calma e consciente são ferramentas que ajudam a atenuar a ansiedade. Hoje em dia existem muitas meditações online, guiadas, com imagens ou música. Basta escolherem a que vos faz mais sentido.

Isolamento social:
– Mesmo estando em casa, sozinhos ou em família, é importante manter alguma rotina, nomeadamente na higiene, sono e vestuário. Sim, estão em casa, mas é importante levantar e vestir, dando a indicação ao corpo de que é outro dia.

– Também é importante que se movimentem pela casa, na medida do possível. O sedentarismo é inimigo da saúde física, mas também da saúde psicoemocional.

– Mantenham o contacto. Pode não ser possível combinar aquele almoço de família, mas façam videochamadas, liguem para pessoas com quem não falam há algum tempo, escrevam um e-mail a alguém. Hoje em dia, com as novas tecnologias é possível estar em contacto e isso é fundamental. Procurem manter o contacto com quem precisa e está sozinho. Lembrem-se que podem ter a casa cheia, mas pode haver um amigo ou familiar que esteja sozinho.

– É importante respirar um pouco do ar da rua e quem tem um jardim tem essa parte facilitada. Para quem tem um apartamento, usem a varanda ou abram uma janela. Mesmo que seja na cidade e não seja um ar “puro”, respirar esse ar fresco vai ajudar o corpo a combater a ideia de fechamento.

– Ler, ler, ler! Um livro é uma companhia. Aproveitem para diminuir aquela pilha de livros que querem ler desde a adolescência e que tem vindo a aumentar. Escolham livros de acordo com o vosso sentir. Se estão a tentar gerir muita coisa, será melhor optar por um livro leve.

– Para quem tem crianças o desafio eleva-se. Mas existem muitas ideias online de como entreter as crianças dentro de casa. Façam essa pesquisa, existem muitas brincadeiras que podem inventar dentro de casa.

– Tal como com a leitura procurem algo que vá para além da simples ocupação do tempo e que seja construtivo: procurem cursos online, pintem livros de colorir (podem imprimir), aprendam crochet através de vídeos online… Existem inúmeras possibilidades e podem sempre pedir ideias a alguém, procurar na internet ou dar ideias a quem precise.

Também isto passará, mantenham-se unidos e cuidem da vossa higiene mental e emocional!

Ana Caeiro, psicoterapeuta

31/08/2020
Aulas de cerâmica na Sintricare: Benefícios

Victoria da Suécia ou os atores Brad Pitt, Leonardo Di Caprio, Bradley Cooper e Macarena García são apenas algumas das celebridades que têm em comum o hábito de fazer cerâmica. Foram eles mesmos que reconheceram este seu hobby publicamente, através redes sociais, ao qual cada vez mais pessoas aderem.

Com origens que remontam à pré-história, é incontornável que a cerâmica está a ressurgir nos tempos modernos, não só junto dos mais famosos, mas também, entre o público jovem. Na base deste interesse parece estar o reconhecimento de que esta atividade tem propriedades terapêuticas, além de permitir expressar o potencial criativo de cada um.

Aliás, o crescimento da procura por este ofício ancestral tem sido tal, que muitos a consideram como uma ‘nova ioga’! Ou seja, ambas potenciam uma desconexão, sendo que a cerâmica consegue aliar a meditação tátil à criação de novas formas e ideias. Muitos consideram-na mesmo como uma forma de praticar a ‘atenção plena’ e aprender a controlar as emoções.

Ficaram curiosos por experimentar a cerâmica como técnica de relaxamento e aumento da criatividade? Então, fiquem a saber que temos aulas de cerâmica na Sintricare, da responsabilidade da professora Rita Costa, da Gata-Gineta – Centro de Artes.

Conheçam todos os benefícios desta prática!

Razões para fazer cerâmica:

  • Aumenta o otimismo: como a cerâmica permite uma maior expressão dos sentimentos e melhora a autoestima, regra geral, torna-nos mais otimistas.
  • Melhora a concentração: Como reduz o stress, aumenta a concentração no trabalho que realizamos. Desta forma, a cerâmica pode ser uma boa técnica para aprimorar a concentração nas tarefas em que é difícil focarmo-nos.
  • Aumenta a espontaneidade: Potencia o desenvolvimento da criatividade, ao explorarmos a conceção de diferentes objetos e designs. Este é um benefício transversal a qualquer área da vida, desde o trabalho à esfera pessoal.
  • Reduz o stress: Todas as práticas criativas, manuais, potenciam o distanciamento do mundo exterior, enquanto se preoduz o objeto artístico. Isto ajuda a reduzir os níveis de stress. muitas pessoas durante o confinamento praticaram técnicas criativas como aquarela ou cerâmica. Essas técnicas ajudam a escapar do exterior e, portanto, reduzem o estresse.
  • Ajuda a exercitar as mãos: A cerâmica pode prevenir problemas de artrite a longo prazo, uma vez que o movimento da sua prática fortalece a região das mãos, pulsos e braços.
  • Estimula a sociabilidade: Apesar de ser uma atividade individual, regra geral, a olaria é feita em pequenos grupos, o que permite interagir e conhecer outras pessoas e aumentar o círculo social.

COMO COMEÇAR COM A CERÂMICA?

Entrem em contacto connosco, para saber tudo sobre as nossa aulas de cerâmica, desde as condições aos horários disponíveis: Venham sentir na pele todos os benefícios da cerâmica!

Sintricare

18/08/2020
Texto de Ana Caeiro "Navegar na Tormenta" - Agosto 2020

Imaginem tudo isto como uma enorme tormenta. O barco abana. Tudo mexe. A estrutura, se já estava débil, vai agora abanar ainda mais. As ondas são fortes, o vento uiva enraivecido, como se estivesse a ralhar connosco. Respiramos golfadas de ar enquanto ficamos ensopados na água que nos atinge. Como cuidar do convés que se está a desmontar? Ao mesmo tempo temos de tirar a água que está a entrar. Ajustar velas, pegar no leme, observar o tempo, perceber das marés. Tudo isto sem cair borda fora. É muita coisa. E nós estamos cansados. Por isso, quem tinha o barco mais ou menos apetrechado poderá navegar melhor esta tormenta. Não significa que esteja imune, afinal há mais marés que marinheiros… Mas quem já vinha com o barco cansado, desarrumado por dentro, vai encontrar na tormenta uma luta desequilibrada.

A coleção de várias tormentas, que vamos ultrapassando em vida, permite-nos ganhar calo. Ou então não e em alguns casos pode levar o barco maltratado para novas batalhas, ainda sem se ter reposto das anteriores. Somos todos diferentes pois navegamos sempre águas diferentes, com barcos diferentes, em tempos diferentes. Poderão dizer: “um bom mar nunca fez bons marinheiros.” Tudo certo. Exceto que num barco, de médio a grande até ao muito grande, temos muita gente a “marinhar” em equipa.

Já viram aqueles vídeos de barcos que quase voam em cima das ondas, com uma série de marinheiros, todos numa coreografia detalhada, com o seu próprio movimento e importância? Um deles muda a vela, outro puxa uma corda e os restantes fazem uma série de coisas impercetíveis aos olhos de quem não entende aquela dança. Mas que é bonita, é.

A imagem que tenho premente, talvez trazida pela frase repetida de estarmos no mesmo barco (é poético, mas não estamos), é que podemos e devemos pedir ajuda. Não temos de estar numa velha canoa. Podemos nos colocar numa nau e navegar juntos. Não faz mal pedir ajuda. Desde a família, os amigos, à ajuda de profissionais, fazendo psicoterapia por exemplo. Não temos de estar sozinhos. Muito se tem falado em isolamento, mas que seja físico e não social. Que não seja um isolamento de afetos e nem de ajuda.

Ana Caeiro, Psicoterapeuta

26/06/2020
Parabéns a todos pelo final do ano letivo!

Em tom de balanço, daquele que é o final de ano letivo mais atípico de que temos memória, a Sintricare gostaria de deixar uma palavra de apreço a todas as famílias e à comunidade escolar, bem como obviamente a todos os alunos, pelo esforço extra e o empenho redobrado deste último período.

17/06/2020

Estamos a viver algo novo na nossa contemporaneidade. Forçados a uma clausura em busca do saudável, encontramo-nos despidos de pertences, estatutos ou materialismos

30/10/2019

Nem sempre pensamos neste assunto desta forma, mas o alívio da dor é um direito humano fundamental, seja em que idade for. Obviamente, as crianças também sentem dor, no entanto, como nem sempre sabem exprimir o que as aflige, é preciso redobrar a atenção para garantir que o direito a terem os melhores cuidados lhes seja totalmente assegurado. É vital reconhecer, avaliar, prevenir e tratar a dor da criança, seja por razões físicas ou, até mesmo, psicológicas.

Existe um hábito generalizado de tratar a dor com foco nas medidas farmacológicas. No entanto, estas medidas deveriam ser complementadas, também, com intervenções não farmacológicas, integrativas e de suporte, de modo a prevenir, tratar ou minimizar a dor, de acordo com a sua origem.

Ação sinérgica

O conceito de analgesia multimodal encara o tratamento da dor através da ação de vários agentes, intervenções, reabilitação e terapias que atuam de forma sinérgica para o controlo da dor, o que permite, obviamente, um tratamento mais eficaz e com menos efeitos colaterais, do que apenas com um analgésico ou uma modalidade terapêutica. Deste modo, recorre a intervenções não farmacológicas e farmacológicas para o alívio da dor.

Tratamentos não farmacológicos

As intervenções não farmacológicas são eficazes em situações de dor ligeira, em procedimentos dolorosos rápidos ou em casos de transtornos emocionais e psíquicos. Podem utilizar-se como complemento ao tratamento farmacológico e, também, como forma de estabilizar o bem-estar emocional da criança.

Neste tipo de estratégias para o controlo da dor, é crucial o envolvimento e participação da família, em colaboração com os técnicos de saúde. A presença dos pais é, realmente, muito importante para tranquilizar, distrair, encorajar e consolar a criança. Podem ainda, também, colaborar de uma forma mais ativa, aplicando algumas estratégias psicológicas, como:

Distração: permite à criança desviar a atenção do estímulo doloroso, em direção a uma estímulo alternativo e agradável. Considerar os interesses e escolhas das crianças e usar técnicas de distração multisensoriais interativas são estratégias que podem funcionar melhor. Neste processo, pode-se utilizar música, livros, bonecos, desenhos animados, jogos, bonecos, bolas de sabão, histórias, moinhos de veto, cantigas, contar de trás para a frente ou brinquedos – preferencialmente interativos, com som, luz ou vibração – entre outros recursos.

Estimular a imaginação: Levar a criança a imaginar, por exemplo, que está a viajar pelo seu local favorito ou a fazer a atividade que mais gosta, histórias com super-heróis, que lhe transmitam estímulos positivos.

Informação preparatória: É importantíssimo preparar a criança, de modo adequado à sua idade, explicando-lhe o que se vai passar durante o procedimento, caso a sua saúde assim o necessite.

Nestes processos, a ajuda de um psicólogo ou psicoterapeuta é crucial, tanto no apoio à família, como para a própria criança. Estes profissionais podem ser extremamente úteis na aquisição de estratégias para lidar com a dor e com o desgaste emocional e psicológico consequente, sabendo, também, como aplicar ou orientar para os seguintes tratamentos não farmacológicos:

Técnicas de relaxamento: Induzem ao relaxamento muscular progressivo, através de respiração profunda, ou seja, diafragmática ou abdominal. Nas crianças mais pequenas, para uma maior eficácia, pode-se usar bolas de sabão, moinhos de vento ou, simplesmente, fazê-las imaginar que estão a soprar um balão ou uma vela.

Hipnose clínica: Pode ser utilizada para alívio da dor aguda e crónica, através de exercícios como a luva mágica, o lugar favorito ou o interruptor da dor.

Reforço positivo e premiação: Inclui a atribuição de prémios e diplomas.

Tratamento farmacológico da dor

A seleção do fármaco analgésico mais adequado é fulcral para o resultado do tratamento. Depende das características de cada criança, da sua doença e da avaliação da intensidade da dor e devem, sempre, estar associados a intervenções não farmacológicas.

Para uma correta administração dos analgésicos, existem alguns princípios básicos:

  • Escolher os fármacos de acordo com a intensidade da dor.
  • Administrar os fármacos através da via menos invasiva possível, preferencialmente, por via oral.
  • Administrar os fármacos, sempre, num horário regular.

Segundo a escada analgésica da Organização Mundial de Saúde, de 2012, os fármacos mais utilizados para dor ligeira são o Paracetamol e os Anti-inflamatórios não esteróides e, para a dor moderada a intensa, os Opioides.

Qualquer que seja a estratégia multidisciplinar encontrada para o alívio da dor das crianças, o mais importante é terem o acompanhamento, articulado, de profissionais de saúde de diferentes áreas, sem nunca colocar em segundo plano a saúde mental, nem subestimar a importância do apoio da família para a sua recuperação.

Sintricare